Foto: Gui Benck
Durante a manhã da sexta-feira (26), o 10º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural reuniu uma série de especialistas em um dos temas mais caros à Jornada de Literatura: a formação de leitores. Cada um de sua perspectiva deu um testemunho importante sobre o assunto – fornecendo possíveis exemplos a serem seguidos na conferência “Experiências de formação de leitores: ampliando redes”.
A especialista em fan culture (cultura de fãs) americana, Flourish Klink, que dá aulas no Massachusetts Institute of Technology (MIT), fez uma exposição entusiasmada sobre a aplicação dessas experiências na formação de leitores críticos. Ela explicou à audiência do que se trata a tal fan culture: os autores criam uma nova história, ou nova versão, com os personagens já existentes de um enredo conhecido. Como exemplo, ela usou a “Odisseia", de Homero: a história fundadora da tradição ocidental foi recontada inúmeras vezes, de diferentes perspectivas. Ela mostrou uma versão que narra a história a partir do ponto de vista de Penélope, que coloca em cheque a versão de Ulisses como um herói. “Há um realinhamento da moral da história”, diz Flourish. “É a versão mais feminista que poderia haver da Odisseia: fala como o amor pode nos tornar bobos e aceitar até os maiores idiotas. Recontar as histórias é mostrar pontos de vista diferentes, mas também ajuda a desenvolver um julgamento crítico sobre a obra original.”
Foto: Gui Benck
No caso de Flourish, ela costuma criar novas histórias com os personagens de Harry Potter – ela criou a maior comunidade de fãs do bruxo na internet durante a sua adolescência. “Meu orientador diz que há dez maneiras diferentes de contar uma história”, fala. Pode ser abordando um momento diferente da vida dos personagens, que não é narrado no livro original; colocando-os em situações, cenários ou até épocas diferentes, entre muitas outras possibilidades. “Através dessa escrita podemos chegar a insights sobre o livro original.”
Foi então que ela propôs o uso da fan culture como ferramenta pedagógica para a formação de leitores críticos. “Escrever histórias com novas versões pode estimular o senso crítico, e de uma forma divertida, como um jogo”, disse. Depois de Flourish, palestraram também Laura Niembro, da Feira Internacional de livros de Guadalajara; e as professoras Natália Klidzio e Frieda Liliana Morales Barco.
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