O ilustrador e escritor Ricardo Azevedo se dedica principalmente à produção infanto-juvenil de narrativas. Mas, além disso, o paulistano autor de mais de cem livros - alguns deles publicados na França, na Alemanha, no México, Portugal e Holanda - comenta: "Num ambiente babaca como o que muitas vezes tem sido oferecido aos jovens, ler para quê?"
Além de escritor de ficção e poesia, Azevedo é Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo e pesquisador da cultura popular brasileira. Entre os principais temas, debate frequentemente sobre o uso da literatura ficcional na escola.
Ele participará, no dia 28 de agosto, às 10 horas, de uma conversa com alunos do 6° ao 9° ano escolar na Jornadinha Nacional de Literatura. O encontro acontece no Circo da Cultura, na Universidade de Passo Fundo.
Questionado sobre a importância de levar clássicos infantis ao encontro das crianças, Azevedo é realista: "Claro que sim. Mas o mais importante é que as crianças convivam com adultos que sejam leitores e de fato gostem de livros". Ele não vê uma maneira de garantir o interesse infantil pela leitura, visa à maior acessibilidade de diferentes leitores, recorrendo a uma linguagem popular em seus textos.
Além disso, ele não culpa o crescente fluxo de informação, ao qual as crianças ficam cada vez mais expostas com as novas mídias, pelo desinteresse por livros impressos. Não apenas vê potencial nas novas tecnologias para a exploração de ideias e informação, mas, acima de tudo, os encara como suportes para a criação, que carecem de uma contextualização: "O que afasta o leitor da literatura, e das paixões que valem a pena, é uma falta de sentido geral ocasionada pelo consumismo, o individualismo exagerado, a despolitização, uma visão apenas técnica da vida e do mundo e coisas assim."
Por isso, ele vê nos encontros entre autor e público uma forma de humanizar a literatura e sua criação: quando a criança se identifica com o autor, pode ver "um sentido maior no ato de ler".
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