quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O papel subversivo da leitura, segundo Alberto Manguel

Dentro da sociedade contemporânea, a leitura pode ter o papel “subversivo” de levar ao questionamento e à reflexão, contra o automatismo do consumo desenfreado e compulsivo. Quem faz tal afirmação é o escritor, tradutor, ensaísta e editor Alberto Manguel. A 14ª Jornada Nacional de Literatura traz uma oportunidade única de acompanhar o debate "Formação do leitor contemporâneo" com a presença de Manguel, bem como da crítica argentina Beatriz Sarlo, do brasileiro Affonso Romano de Sant'Anna e da inglesa Kate Wilson, no próximo dia 26, às 14 horas, no Palco de Debates.

“O leitor contemporâneo é formado em uma sociedade específica, e essa sociedade deveria prover noções éticas e valores artísticos”, diz Manguel por e-mail, da França. “Como sempre, os inimigos do ato intelectual são a estupidez e a ganância. As multinacionais são entidades criminosas que querem transformar as pessoas em máquinas de consumo. Contra esses crimes, o leitor deve agir subversivamente, ler para refletir e questionar.”

Autêntico cidadão do mundo, ele nasceu em Buenos Aires, mas passou a infância em Israel – seu pai era o embaixador argentino naquele país. Mais tarde, de volta a Buenos Aires, Manguel conheceu o escritor Jorge Luis Borges, quando este já estava quase cego. E era um dos que liam para Borges várias vezes por semana, de 1964 a 1968, na livraria Pygmalion.

Depois desse começo auspicioso de aproximação da literatura, Manguel embarcou em numerosos escritos, tanto em espanhol como em inglês – e muitas viagens. Morou em Londres, Paris, no Taiti e durante anos no Canadá, de onde se tornou cidadão. É autor de inúmeros romances e livros de não-ficção como "A History of Reading" (1996) e "The Library at Night" (2007). No momento, está lançando no Brasil “As aventuras do Menino Jesus” (Editora Planeta).

“Todos somos cidadãos do mundo, mesmo a pessoa que nunca deixou a sua cidade natal. Em meu caso, as várias línguas que eu falo influenciam uma à outra, e criam uma voz diferente que eu adotei como minha.” Atualmente, ele vive na França. Suas atividades principais? "Eu leio e escrevo."

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