Sobram exemplos de escritores que também atuavam como jornalistas: Graciliano Ramos e Ernest Hemingway são apenas dois exemplos. Edney Silvestre engrossa esse time e reforça que não consegue ver fronteiras entre jornalismo e literatura. “Eu escrevo. Ponto. Escrever é meu prazer e meu caminho. Os meios é que são diversos.” Ele participa do debate “Diálogos, mídias e convergências”, que vai discutir exatamente a relação entre as mídias e a literatura, no dia 25 de agosto, às 14 horas, durante a 14ª Jornada Nacional de Literatura. É a sua primeira vez na Jornada. “Estou interessadíssimo”, fala, entusiasmado.
Jornalista, escritor, roteirista, produtor e apresentador de televisão, Edney arrebatou público e crítica com a sua estreia no formato romance literário. “Se eu fechar os olhos agora” ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Romance de 2010 e o Prêmio São Paulo de Literatura Categoria Estreante. Repleto de referências ao cenário político e cultural, o livro transita por diferentes gêneros como o policial e o histórico. Tudo começa quando dois garotos encontram o corpo de uma mulher morta. A partir daí, eles decidem investigar por conta própria – e têm suas vidas transformadas para sempre.
No jornalismo, a carreira de Edney não é menos bombástica: foi correspondente da TV Globo por mais de dez anos em Nova York. Lá, entre as inúmeras matérias, foi o primeiro jornalista brasileiro a chegar no World Trade Center no 11 de setembro de 2001. Mas foi a leitura que o comoveu desde a infância. Ele passava o tempo todo lendo, devorando o que havia na biblioteca da cidade de Valença, no Rio de Janeiro, onde nasceu em 1950. Bons autores, por sinal, como Jack London, Machado de Assis e Thomas Mann. Aos 14 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Aprendeu inglês sozinho e passou a traduzir livros. “Aos dezoito anos, me sustentava traduzindo desde histórias de caubóis, para a editora Ebal, até 'Fundamentos de Filosofia', de Fiodor Afanasiev”, conta. Depois disso, trabalhou como jornalista em revistas como a Manchete, Cruzeiro e O Globo. Depois, se transferiu para a TV Globo. Mais recentemente, ele apresentava o programa Milênio, da Globo News, com entrevistas em profundidade, e hoje comanda o programa sobre literatura, “Espaço Aberto”, na mesma emissora. No meio tempo, publicou uma série de livros jornalísticos como “Contestadores” (entrevistas, 2003, Editora Francis); “Outros tempos” (com crônicas e memórias, 2002, Record); “Dias de cachorro louco” (crônicas, 1995, Record); “Grandes entrevistas do Milênio” (Ed. Globo – 2009). E não há mesmo diferença entre o jornalismo e a literatura? “Eu sempre escrevi, desde seis anos de idade. Por que eu escrevo e escrevi, tornei-me jornalista. Eu nunca nunca vi, nem conseguirei ver, essa separação entre escritas.”
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